Joanna Mina

Eu me movimentei me rejuntando e parti. Eu saí da casa dos Marinho Falcão. Eu era liberta. Saí do Termo de Cachoeira para a Vila de Santo Antônio do Recife e lá entrei na profissão de mulher de caminho, vendedora de tecido, e caminhei até a Vila de São João del Rei.

Assim se apresenta a protagonista homônima da peça Joanna Mina, obra que reúne em cena vozes-mulheres em diferentes estruturas de raça, classes e sexualidades, rememorando os encontros entre elas e a própria história do Brasil.

Primeiro texto para o teatro da escritora Luciany Aparecida, Joanna Mina foi uma das dramaturgias selecionados na 1ª edição do projeto Dramaturgias em Processo do Teatro da Universidade de São Paulo (TUSP), realizada entre março e junho de 2021, e chega agora na sua versão impressa pelo selo editorial paralelo13S.

A peça teve como base de criação a pesquisa em fontes historiográficas. Com uma ironia refinada, observação meticulosa e antenada, Aparecida traz personagens, cenários e camadas de outro(s) tempo(s) com uma luz focada no contemporâneo.

No começo do livro, a autora já nos avisa, “Joanna Mina é uma peça sobre o poder de quem pode narrar […]. (Mas) o mais importante é que Joanna Mina é um momento de emoção para iludir nossos corações”.

Com personagens que ora se alinham, ora se chocam nos seus contextos históricos e culturais, a obra vira ao avesso percepções e atitudes do passado e do presente, fazendo uso astuto de diversos dispositivos e referências, como aponta a estudiosa de teatro Maria Tendlau, que assina a orelha do livro:

“Numa tradição a um só tempo clássica — do fantasma na cena — mas também ritualística — de uma temporalidade diversa, negra, ancestral, feminina —, essas mulheres se amplificam e fazem de seu amor um lastro incontornável quase como uma maldição rogada pelo colonizado: ‘Ouçam bem, todas vocês, nós não morremos, querem nos matar? Matem, matem, matem, matem e convivam com nossas vidas para sempre’”.

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Sobre a autora__ Luciany Aparecida (1982, Vale do Jiquiriçá, Bahia) é escritora, doutora em letras, com pesquisas nas áreas de teoria e crítica literária. Seus estudos observam a literatura na interface: nação, imigração, história, memória, identidades e performances. É autora de Macala (plaquete do Círculo de Poemas das editoras Fósforo e Luna Parque, 2022) e com a assinatura estética Ruth Ducaso publicou Florim (2020) e Contos ordinários de melancolia (2017), ambos pelo selo editorial Paralelo13S.

Outros trabalhos de Luciany Aparecida disponíveis na Livraria Boto-cor-de-rosa:

Florim

Contos ordinários de melancolia

Abrindo a boca, mostrando línguas – 16 escritoras brasileiras LGBTQIA+

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Arte da capa: Tatiana Blass.

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O que disseram sobre o trabalho de Luciany Aparecida:

Camila Sosa Villada e Luciany Aparecida desconstroem patriarcado em mesa animada  – O GLOBO – 24 de novembro de 2022: https://oglobo.globo.com/cultura/noticia/2022/11/camila-sosa-villada-e-luciany-aparecida-desconstroem-patriarcado-em-mesa-animada.ghtml

Flip 2022: Camila Sosa Villada e Luciany Aparecida usam a escrita contra a violência – por Por Ubiratan Brasil no Estadão – 24 de novembro de 2022: https://www.estadao.com.br/cultura/literatura/flip-2022-camila-sosa-villada-e-luciany-aparecida-usam-a-escrita-contra-a-violencia/?utm_source=estadao:twitter&utm_medium=link

 Camila Sosa Villada fala na Flip em ‘travestir a literatura’ e no machismo do mercado – Walter Porto na FOLHA DE SÃO PAULO, 24 de novembro de 2022: Fo: Que ameaça representam Camila Sosa Villada e Luciany Aparecida ao mercado editorial? É o que perguntou a mediadora, Nanni Rios, às duas escritoras convidadas para encerrar a Flip nesta quinta-feira…. Leia mais: https://www1.folha.uol.com.br/ilustrada/2022/11/camila-sosa-villada-fala-na-flip-em-travestir-a-literatura-e-no-machismo-do-mercado.shtml

Flip: Camila Sosa Villada e Luciany Aparecida usam a escrita contra a violência – Tribuna do Sertão – 25 de novembro de 2022 (reprodução da matéria do Estadão): https://tribunadosertao.com.br/2022/11/flip-camila-sosa-villada-e-luciany-aparecida-usam-a-escrita-contra-a-violencia/

O que já disseram sobre Florim, de Ruth Ducaso (assinatura estética de Luciany Aparecida):

Florim: A poeta e traficante Dita nomeia a protagonista do primeiro romance da escritora baiana Luciany Aparecida, que assina como Ruth Ducaso – Resenha de Taynã Olimpia na Revista Continente – junho de 2021: https://revistacontinente.com.br/edicoes/246/florim

“Florim”, de Ruth Ducaso: Caixa acústica com muitas vozes – Resenha de Edma de Góis no Suplemento Pernambuco, 2021: http://www.suplementopernambuco.com.br/resenhas/2746-florim-,-de-ruth-ducaso-caixa-ac%C3%BAstica-com-muitas-vozes.html

Em 2022, Luciany Aparecida foi uma das escritoras convidadas à Festa Literária Internacional de Paraty (FLIP). Assista a mesa em que participou: A festa das irmãs perigosas, com Camila Sosa Villada, Luciany Aparecida e mediação de Nanni Rios: