No novo livro de Edimilson de Almeida Pereira, as formas do jazz e de outros ritmos da afro-diáspora levam o poeta a reunir linguagens e artistas dos mais variados tempos.
São convocados pelos versos de Edimilson não só os scats de Dizzy Gillespie e a voz da grande Elizeth Cardoso, mas também o afrobeat do Cobiana Djazz, grupo de Guiné-Bissau cujos membros lutaram na independência do país.
A música desse grande baile também convida para a dança outras linguagens, entre elas a das pinturas do cubano Wifredo Lam ou a dos versos de León Damas, poeta da Guiana-Francesa.
Tais deslocamento e travessias também mobilizam os poemas de forma trágica e contundente, como no caso dos versos protagonizados por Agitu Gudeta, ativista etíope que se voltou para a causa dos refugiados e foi assassinada na Itália; ou, ainda, no caso dos versos dedicados a Paul Celan, poeta romeno de língua alemã morto no rio Sena.
Porém, como escreve Claudete Daflon no texto de orelha, “Evocando a morte, Edimilson de Almeida Pereira nos joga em cheio no centro da vida”. E é do centro dessa vida pulsante que esses poemas nos convidam para dançar.
O livro conta com posfácio de Michel Mingote Ferreira de Ázara e edição de Bruna Beber.
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Sobre o autor:
Edimilson de Almeida Pereira nasceu em Juiz de Fora, Minas Gerais, em 1963. Poeta, ensaísta, ficcionista, autor de literatura infanto-juvenil e professor na Faculdade de Letras da Universidade Federal de Juiz de Fora. De sua obra ensaística, destacam-se, dentre outros, os livros Os tambores estão frios: herança cultural e sincretismo religioso no ritual de Candombe (Mazza, 2005, Prêmio Vivaldi Moreira da Academia Mineira de Letras, 2004); Entre Orfe(x)u e Exunouveau: análise de uma epistemologia de base afrodiaspórica na Literatura Brasileira (Azougue, 2017), A saliva da fala: notas sobre a poética banto-católica no Brasil (Azougue, 2017, Prêmio Sílvio Romero de Folclore e Cultura Popular/ FUNARTE, 2002).
Estreou na publicação de poesia em 1985, com o livro Dormundo (Edições d’lira, Juiz de Fora). Recebeu, dentre outras as distinções o Prêmio Nacional de Literatura UFMG, pelo livro Ô lapassi & outros ritmos de ouvido (1988). Em 2019, publicou a antologia que reúne parte de sua obra, Poesia+ (antologia 1985-2019) (Ed. 34). É autor ainda dos romances, todos de 2020, Um corpo à deriva (Macondo), O ausente (Relicário) e Front (Nós), este último vencedor do Prêmio São Paulo de Literatura.
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