Pelo direito ao gozo
Eu estava ainda em Santiago, no Chile – lugar para o qual viajei para falar de poesia, mais especificamente sobre poesia de autoria feminina – quando recebi o áudio, via WhatsApp, de Daniela Galdino convidando-me para escrever a apresentação de seu novo livro de poemas, um livro de poemas eróticos, ela enfatizou. Fiquei extremamente surpresa com o convite, não apenas porque tenho, de certo modo, me mantido afastada da cena literária baiana (publiquei meu único livro há sete anos), como também porque conheço pouco da autora e da sua poesia, e, sobretudo, pela temática dos poemas que compõem o livro. Nunca escrevi uma poesia erótica, embora o erotismo, como eu o entendo, como leitora de Bataille, enquanto uma potência de supressão do limite que nos faz seres descontínuos, limitados, em direção à continuidade, ao deslimite, também faça parte da minha vida, obviamente. Mas justamente a temática do livro e o tempo exíguo para lê-lo e produzir um texto, ainda que curto, – levou-me a tender pelo não. “Aproveite o voo pra pensar com carinho” – Daniela escreveu-me – “E boa viagem”. Como já mencionado, fui a Santiago para falar sobre a poesia produzida por uma mulher: Anna Akhmátova, a qual desafiou o pai, o marido e um estado totalitário e criou artifícios para continuar produzindo e publicando seus poemas. Daniela não enfrenta tantos obstáculos, isso porque mulheres, antes dela, lutaram para mudar paradigmas, quebrar barreiras.
Dra. Mônica Menezes
Docente da Universidade Federal da Bahia
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