Fliperama é o oitavo livro de poemas de Fabiano Calixto e conta com poemas compostos na última década, solidificando uma trajetória inquieta, iniciada nos anos 90. Os poemas do conjunto perscrutam, através de uma multiplicidade de timbres e registros, a vida e suas tensões, as flores e os horrores das ruínas do nosso convulsivo tempo.
O livro ficou em terceiro lugar no Prêmio Alphonsus de Guimaraens da Biblioteca Nacional.
Como bem observa, no prefácio do livro, o poeta e crítico Rodrigo Lobo Damasceno:
“Fliperama é um jogo, diverte ao mesmo tempo em que cavuca as melhores memórias de tempos inocentes e os mais intensos instantes de alegria dentro da amizade e do amor – mas é, também, uma espécie de bomba disposta a abdicar de apegos passadistas que facilmente pendem para o conservadorismo. daí, por exemplo, que a bomba atue contra a própria ideia da arte, contra a forma do poema, que às vezes surge esburacado, às vezes aparece ao revés – e, outras tantas, aposta numa conversa radical com a tradição radical do concretismo e suas apostas contra o verso (afinal, o poema ou o decassílabo mais perfeito, de cara com o fatal ano de 2012, tornam-se o mesmo que as unhas, os talheres da família, o pensamento ou tarkovsky: areia). não há inocência neste fliperama – o jogador conhece o jogo, e sabe que o jogo é sujo, tanto que, diante da escultura luxuosa e de traços perfeitos, não hesita em fechar a resenha lembrando que a fortuna é resultado de sangrentos saques coloniais. vital privilégio dos desprivilegiados: intrusos que são numa tradição aristocrática e que só quer, a qualquer custo, se conservar (e que só pode se conservar mantendo longe os intrusos), estão pouco se fodendo para esses alicerces – sempre que podem, explodem a fundação da casa onde só poderiam entrar para servir. e este fliperama não serve a ninguém: debaixo dos céus rústicos dos subúrbios, só quer estar com os da sua laia, os tantos severinos de mesmas águas de pias, os membros da akademia dos párias, aqueles formados nas esquinas de aula da universidade desconhecida.”
Fliperama chega para afirmar e ampliar uma poética que, com amor, humor e fúria, se insere no conjunto do que melhor se faz no campo da poesia brasileira contemporânea.
Sobre o autor:
Fabiano Calixto nasceu em Garanhuns (PE), em 8 de junho de 1973. É poeta, editor e professor. Vive na cidade de São Paulo com sua companheira, a poeta Natália Agra, e com os gatos Bacon Frito e Panqueca. Doutor em Letras (Teoria Literária e Literatura Comparada) pela Universidade de São Paulo (USP). Publicou os seguintes livros de poesia: Algum (edição do autor, 1998), Fábrica (Alpharrabio Edições, 2000), Música possível (CosacNaify/ 7Letras, 2006), Sanguínea (Editora 34, 2007), A canção do vendedor de pipocas (7Letras, 2013), Equatorial (Tinta-da-China, 2014) e Nominata morfina (Corsário-Satã, 2014). Dirige, com Natália Agra, a editora Corsário-Satã. É um dos editores da revista de poesia Meteöro. Sua educação sentimental foi ministrada pelos Beatles, por Raul Seixas, por Roberto Bolaño e pelos Ramones. Evita relação com pessoas de temperamento sórdido. Prepara o primeiro disco de sua banda de rock, o Gabiru Attack.
Reviews
There are no reviews yet.