Laroyê!
Saudamos sempre quem vem antes. Nada começa se não por Exu. E assim nos licencia a vez de adentrar a veia poética de Juciane Reis a partir deste filho iniciático de orúkọ UMBILICUS. Não à toa, o ṣiré de poemas dança em sete capítulos-caminhos que na metáfora em-cruz-ilhada, converge e dissipa nossas relações afrodiaspóricas com a natureza, com as humanidades, com nossas próprias diástases.
UMBILICUS é mais que um livro-ẹbọ… é uma obra Sankofa pois, a cada palavra, o ser Mulher Preta abre seu ventre por diferentes orifícios do seu corpo-poema, referencia as ancestres que continuam entre nós em genealogia, águas e raízes. A base-centro, o umbigo, enquanto esse aparato semântico de abismos, hiatos, ciclos, memória. O umbigo é nossa roda rizomática que a esteira rítmica de cada verso alimentado pela autora transporta meu orí à poesia da intelectual mais velha Beatriz Nascimento:
Seu nome era dor
Seu sorriso dilaceração
Seus braços e pernas, asas
Seu sexo seu escudo
Sua mente libertação
Nada satisfaz seu impulso
De mergulhar em prazer
Contra todas as correntes
Em uma só correnteza
Quem faz rolar quem tu és?
Mulher!…
Como uma boa filha de àṣẹ, bênção pedida vem seguida da bênção recebida com as águas da beleza desta obra, saberes irmanados nas tranças dos poemas e no sangue que escorre das fendas de um corpo-mundo conduzindo nossos pensamentos rumo às conquistas de cada Mulher Preta que se assentará no chão dessas páginas-terreiro.
Ana Fátima
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