Este livro – de gênero inclassificável e que em suas mais de duzentas páginas possui apenas um único parágrafo – inicia-se e é movido pela seguinte pergunta: “Ao ler as notícias, como decidir o que é mais importante?” A partir daí, nesse universo cheio de novidades, Margo Glantz faz uma viagem pelo mundo e por suas emoções (tanto as profundas, eco da memória, quanto as banais, dos burburinhos cotidianos), e nos mostra através de um mosaico ora trágico ora cômico a complexa tarefa que enfrenta o indivíduo que quer se estabelecer no mundo e, pior ainda, entender o que está acontecendo ao seu redor.
Em E por olhar tudo, nada via, Glantz recorre a uma das maiores marcas de sua obra narrativa: a escrita fragmentária. Herdeira de uma tradição que vai de Walter Benjamin a David Markson, a escritora mexicana coloca na mesma página os horrores do ISIS e os vícios de Charlie Sheen; o exílio dos beija-flores de seu jardim e as consequências do ecocídio que ocorre em escala planetária; os aforismos de Kafka e relatos terríveis de feminicídios no México e outros países ao redor do mundo; a descoberta de um sistema solar próximo ao nosso e a extinção das abelhas.
Usando sua sensibilidade e erudição como pontas de lança, Glantz nos oferece uma colagem de emoções, imagens, dados e reflexões que em seu eco estrondoso nos obriga a parar ao longo do caminho para refletir sobre a melhor maneira de continuar na árdua tarefa de caminhar por este mundo.
Margo Glantz (Cidade do México, 1930) é uma romancista e ensaísta mexicana, e uma figura central na intelectualidade de seu país. Escreveu mais de 25 livros entre ensaios e narrativas ficcionais, dentre os quais se destacam Las genealogías (1981), Síndrome de naufragios (1984), Sor Juana Inés de la Cruz: saberes y placeres (1995), El rastro (2002), Historia de una mujer que caminó por la vida con zapatos de diseñador (2005) e Yo tambiém me acuerdo (2014). Seu livro “Aparições” foi publicado no Brasil, em 2002, com tradução de Paloma Vidal. Margo Glantz traduziu obras de Georges Bataille, Tennesse Williams e Michel de Ghelderode. Dentre as várias distinções por sua trajetória, Margo recebeu as bolsas Guggenheim (1996) e Rockefeller (1998), assim como cinco doutorados Honoris Causa e múltiplos prêmios literários, como o Sor Juana Inés de la Cruz (2003), o prêmio FIL (antes Juan Rulfo, 2010) e o Prêmio Alfonso Reyes (2019). É docente de literatura na UNAM e foi professora visitante em universidades como Harvard, Princeton e Yale.
Avaliações
Não há avaliações ainda.