Gosto de pensar que um livro de poemas traz sempre mensagens encantadas que estão por ser decifradas por quem o lê. Pretices e Milongas, o mais novo livro de Lande Onawale, chega carregado de poemas-mandinga, o que o torna, assim, uma espécie de feitiço, daqueles bem feitos, que nunca sai de quem é enfeitiçado, que nunca se desfaz.
A cada página folheada, um manancial polifônico de Áfricas e diásporas salta, dança, pulula e sibila linguagens múltiplas e várias, a nos seduzir para um mar de samba, candomblé ou capoeiragem, que tanto pode ser bantu, pernambuco, baiano, maranhense, caboclo ou yorubá.
O novo livro de Lande anuncia as maturidades do poeta, que sem pressa ou agonia, carpinta cada poeminha com o melhor de si, do que viu/viveu até aqui, como o feiticeiro de ritmos cantados, tocados, e escrevinhados que é.
Acostumado a refazer novos quilombos nos Engenhos Velhos, o poeta Lande esculpe, com propriedade e sabedoria – para em seguida matizar a sua poesia – as palavras consagradas pelos Ventos e mantidas em cabeças e cabaças nos quintais de axé e ngunzo.
Lindinalva Barbosa
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